Francisco Sousa Lobo
Biografia
Vive em Londres desde 2005. Faz BD desde 1980. Estudou e praticou arquitetura durante dez anos. Agora trabalha em artes plásticas e banda desenhada, e não distingue já bem entre as duas coisas. Expõe em Inglaterra e Portugal. Estuda a nível de doutoramento (arte) em Goldsmiths College. Participou em vários jornais universitários e no Público. Também publica nas áreas da crítica artística e estética.
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Gente Remota
Gente Remota é um livro ficcional que nasceu de quatro longas entrevistas com ex-combatentes anónimos das chamadas guerras de África, conversas que tive em 2014. Não há nada inventado, no que corresponde às experiências de Guerra de Alfredo Jacinto, não teria capacidade para tal. Nem o crime da PIDE, nem a acção salvífica e presença de espírito de Alfredo ao salvar um soldado do colapso moral, nada foi inventado. Limitei-me a baralhar os dados.
Esta é uma pequena história de Portugal, esse país sem problemas de consciência, com uma memória selectiva, ao mesmo tempo sincera e senil.
É uma história de cruzamento de ideias, de confrontos de perspectivas. Eu não estou em lado nenhum, neste livro. Ou então estou em todo o lado.
A questão do racismo é sempre um poço sem fundo. Incómoda, urgente, com ramificações que tocam a todos, profundamente. A minha relação com o nosso passado colonial é múltipla. Eu próprio nasci em Moçambique, rodeado de empregados e privilégio colonial.
Depois veio logo o 25 de Abril, essa tábua rasa a um tempo gloriosa, mas que nos oculta a história e nos iliba de qualquer culpa. Depois veio a primária em que aprendemos a hostilidade contra os espanhóis, e depois o liceu em que nos forçaram os Lusíadas pela goela abaixo. Este livro é talvez o paté resultante.
A esperança é que sofre.
Esta é uma pequena história de Portugal, esse país sem problemas de consciência, com uma memória selectiva, ao mesmo tempo sincera e senil.
É uma história de cruzamento de ideias, de confrontos de perspectivas. Eu não estou em lado nenhum, neste livro. Ou então estou em todo o lado.
A questão do racismo é sempre um poço sem fundo. Incómoda, urgente, com ramificações que tocam a todos, profundamente. A minha relação com o nosso passado colonial é múltipla. Eu próprio nasci em Moçambique, rodeado de empregados e privilégio colonial.
Depois veio logo o 25 de Abril, essa tábua rasa a um tempo gloriosa, mas que nos oculta a história e nos iliba de qualquer culpa. Depois veio a primária em que aprendemos a hostilidade contra os espanhóis, e depois o liceu em que nos forçaram os Lusíadas pela goela abaixo. Este livro é talvez o paté resultante.
A esperança é que sofre.