João Paulo Cruz
Biografia
João Paulo Cruz nasceu em 1968 em Coimbra. Jornalista não praticante, escritor em processo, editor, redator, agnóstico, revisor, biógrafo, perpétuo estudante de Arqueologia na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, pai, cozinheiro, permacultor, leitor compulsivo, espetador atento do mundo e dos outros, autodidata.
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Pessoa e Deus
«Apesar das influências familiares e culturais católicas e do recorrente uso de simbolismos e do imaginário cristãos, que provinha sobretudo da tradição nacional apostólica romana, marcada pelo cinismo e pelo desencanto anti-clerical, bem como de uma apetência pelo chamado neo-paganismo, a espiritualidade pessoana coloca-se fora da esfera de qualquer cânone religioso tradicional - o poeta tinha-se, a certa altura da sua vida, como "Cristão gnóstico e portanto inteiramente oposto a todas as Igrejas organizadas, e sobretudo à Igreja de Roma" - mas, precisamente por isso, por essa espiritualidade aberta, que a torna singular, vale a pena uma pequena incursão por alguns dos seus escritos poéticos que de uma forma ou de outra abordam Deus ou o universo místico-religioso.
(...)
O Deus deste título, convém então sublinhar, não é o Criador da tradição judaico-cristã - imagem de que o autor se foi distanciando com a idade (os primeiros poemas juvenis ainda contêm muito desse imaginário, sobretudo relacionado com o Catolicismo popular). É antes um símbolo, um arquétipo. Poderia perfeitamente ser "Pessoa e os Deuses", mas Deus aqui assume o papel de um estado de consciência espiritual a que os homens atribuem múltiplos nomes. E o Deus deste livro é o nome agregador de todos esses nomes. Deus é o universo do religioso e do místico, a representação última da irreprimível (re)ligação humana ao mistério. Ao divino.»
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O Deus deste título, convém então sublinhar, não é o Criador da tradição judaico-cristã - imagem de que o autor se foi distanciando com a idade (os primeiros poemas juvenis ainda contêm muito desse imaginário, sobretudo relacionado com o Catolicismo popular). É antes um símbolo, um arquétipo. Poderia perfeitamente ser "Pessoa e os Deuses", mas Deus aqui assume o papel de um estado de consciência espiritual a que os homens atribuem múltiplos nomes. E o Deus deste livro é o nome agregador de todos esses nomes. Deus é o universo do religioso e do místico, a representação última da irreprimível (re)ligação humana ao mistério. Ao divino.»